Manaus - Nos seis primeiros
meses deste ano, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) condenou 47 gestores
públicos, entre ex-prefeitos, prefeitos, secretários municipais e estaduais e
diretores de fundos municipais, a devolver R$ 63,9 milhões, além do pagamento
de R$ 2,139 milhões em multas, totalizando R$ 66,1 milhões em condenações,
segundo levantamento divulgado na última semana, pelo tribunal.
Em todas as condenações, os
envolvidos tinham 30 dias para recorrer das decisões ou quitar os valores. O
tribunal não informou quais condenados recorreram das decisões.
Segundo a assessoria de
comunicação do TCE-AM, não há como mensurar quanto deste valor já foi
devolvido, uma vez que as sanções aplicadas em 2015 estão em fase de recursos.
Além do período de 30 dias para recorrer das condenações, os penalizados têm
até cinco anos para ingressar com recursos contra as multas aplicadas.
Os dados estão disponíveis para
consulta pública no site do TCE-AM. As condenações são referentes a contas
julgadas irregulares nas quais os conselheiros identificaram fraudes, recursos
aplicados irregularmente ou não prestados contas dentro do prazo estabelecido.
O valor é similar ao das
condenações no mesmo período, em 2013 e 2014. Em 2013, foram 48 gestores
condenados a pagar R$ 67 milhões entre multas e devoluções. Em 2014, o tribunal
condenou 46 gestores e ex-gestores a devolver R$ 61,7 milhões, além de R$ 1,245
milhão em multas.
Das 47 condenações no primeiro
semestre deste ano, 11 são referentes a contas de Câmaras Municipais e 22 de
prefeituras.
Em dez condenações referentes às
prefeituras, além da devolução dos recursos aplicados irregularmente e/ou não
prestados contas, o TCE encaminhou o acórdão do julgamento ao Ministério
Público do Amazonas (MP-AM) para que o órgão analise o ingresso de ação de
improbidade administrativa ou adote as medidas cabíveis.
No julgamento das contas das
prefeituras, o TCE emite um parecer pelas condenações que deve ser analisado
pelas Câmaras Municipais. Nesses casos, o parecer do tribunal é válido, segundo
entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para a aplicação da Lei da
Ficha Limpa (Lei Complementar 135/10).
Após as condenações, o tribunal
faz uma cobrança executiva e dá um prazo de 30 dias para os condenados quitarem
os débitos. Ao término do prazo, as multas são encaminhadas para a Procuradoria
Geral do Estado (PGE), responsável pelo ajuizamento das ações de cobrança.
As glosas e alcances (valores que
devem ser devolvidos) são repassados às procuradorias dos municípios para que
elas cobrem os valores dos gestores.
Condenações
Dentre as prefeituras, as maiores
condenações dadas pelo TCE, no primeiro semestre deste ano, foram aos
Executivos municipais de Lábrea, Manacapuru e Codajás, segundo dados do
tribunal.
De acordo com o levantamento
disponibilizado no site do TCE, o ex-prefeito de Lábrea, Gean Campos Barros,
foi condenado, em abril deste ano, a devolver R$ 25,9 milhões, o equivalente a
40,60% do total das devoluções de janeiro a junho deste ano, além de pagar
multa no valor de R$ 303,6 mil.
Os ex-prefeitos de Manacapuru,
Edson Bessa (PMDB), e de Codajás, Agnaldo Paz Dantas (PMDB), foram condenados
pelo TCE a devolver R$ 8,4 milhões, além de multas.
De acordo com o acórdão da sessão
realizada no dia 6 de maio deste ano, Edson Bessa teve as contas do exercício
financeiro de 2009 julgadas irregulares por, entre outros, não ter comprovado
os gastos com ações e serviços públicos de saúde, inexistência de bens
patrimoniais declarados e pela diferença encontrada na comprovação do saldo
para o exercício seguinte.
Segundo o TCE, Bessa tinha 30
dias para recorrer da condenação ou quitar os valores. O tribunal encaminhou a
decisão para o MP-AM para que o órgão analise o ingresso de uma ação por
improbidade administrativa contra o ex-prefeito.
A situação é similar a de Agnaldo
Paz Dantas. Segundo levantamento realizado pelo TCE, o ex-prefeito de Codajás
foi condenado a devolver R$ 8,4 milhões por irregularidades no exercício
financeiro de 2011, além de multa no valor de R$ 92 mil.
Segundo o voto da relatora das
contas, conselheira Yara Lins, disponibilizado pela assessoria de comunicação
do tribunal, após a sessão do dia 27 de maio deste ano, entre as
irregularidades encontradas nas contas de Agnaldo Dantas, estava a ausência de
comprovação documental das receitas e despesas, em 2011, na ordem de R$ 7,8
milhões.
O ex-prefeito também não
comprovou o repasse aos bancos de empréstimos consignados dos servidores
públicos, no valor de R$ 505,7 mil. Na análise das contas, o TCE
identificou R$ 132 mil a mais na folha de pagamentos do que o indicado nas
ordens de pagamentos realizados.
Alto índice de descumprimento da
legislação
De acordo com o presidente do
TCE, conselheiro Josué Filho, o alto volume de condenações no primeiro semestre
deste ano representa o descumprimento, por parte dos gestores, da legislação.
Segundo ele, se o gestor cumprir todas as obrigações terá as contas aprovadas.
Caso contrário, as contas serão consideradas irregulares e para cada
irregularidade há uma multa prevista.
A assessoria de comunicação do
TCE informou que um dos principais entraves na análise das prestações de contas
é o atraso no envio da documentação no prazo estabelecido.
“A documentação não é encontrada no local de inspeção (realizada pelo TCE, anualmente, em todos os municípios), o que enseja em aplicação de sanção, uma vez que se o gestor não comprovar documentalmente o valor gasto, poderá ser multado”, esclareceu a assessoria.
“A documentação não é encontrada no local de inspeção (realizada pelo TCE, anualmente, em todos os municípios), o que enseja em aplicação de sanção, uma vez que se o gestor não comprovar documentalmente o valor gasto, poderá ser multado”, esclareceu a assessoria.
Para o presidente da Associação
Amazonense dos Municípios (AAM) e prefeito de Boca do Acre, Iran Lima (PSD), o
principal problema é a falta de corpo técnico especializado nos
municípios.
“O grande e principal problema é
a falta de corpo técnico especializado nos municípios, que perdem prazos e
desconhecem os procedimentos corretos a serem feitos”, disse Iran Lima, segundo
a assessoria de comunicação da AAM.
Segundo ele, diante deste
cenário, a AAM tem colocado o corpo técnico da associação à disposição dos
prefeitos e gestores do interior do Estado para orientação e, até mesmo,
execução dos processos, mas também ‘esbarra’ na limitação de funcionários.
“A associação mantém, ainda,
um relacionamento de parceria com o Tribunal de Contas do Estado (TCE),
que tem promovido cursos de capacitação para os prefeitos e servidores municipais”,
disse Iran Lima, segundo a assessoria de comunicação da AAM.
Infelizmente não é só no Amazonas que estas coisas estão vindo a tona. Estamos sendo informados de muitas irregularidades, resta-nos saber se ainda podemos ter a esperança de dias e governos melhores
ResponderExcluir