Parece mesmo que os parlamentares
brasileiros querem fazer crer que a máxima do “não adianta”, disseminada na
sociedade brasileira, foi feita para se aplicar ao Congresso Nacional.
Esta semana, o Jornal Nacional,
da rede Globo, falou de leve e rápido que no meio das medidas provisórias do
chamado ajuste fiscal tinha um item prevendo a construção de um prédio para a
Câmara dos Deputados.
Esculachou de vez! Diríamos num
campo de futebol.
Primeiro, é de se questionar
legalmente, se numa lei que trate de determinada matéria pode se tornar uma
salada de frutas e se colocar de tudo nela.
Depois, aí seria o que eles
mesmos chamam de questões políticas, seria a insensatez de se aprovar despesa
de construção, compra, aluguel de imóveis num momento em que a tecnologia já
deveria ter permitido, caso viesse sendo utilizada devidamente, a diminuição
substancial daqueles existentes.
Num contexto de arrocho absurdo e
de aumento de tudo que é negativo na economia, com a diminuição proporcional de
tudo que é positivo, uma medida dessa derrubaria qualquer governo em qualquer
lugar do mundo. O valor aprovado pode, mas não quer dizer que tenha de ser
utilizado. Essa verba não pode ser desperdiçada dessa maneira.
São ações como essas que provam
que os deputados, ao contrário de fiscalizarem o governo, uma das suas
principais atribuições, agem como verdadeiros golpistas, para não dizer
palavras mais fortes e ter de pagar indenizações já que tudo funciona contra
pequeno.
E a mídia ajuda, deixando por
isso mesmo, seja por abordagens distorcidas ou por omissão. Deve haver algum
acordo tácito para nem dizerem em qual medida do “ajuste fiscal” – vejam,
medidas de “ajuste fiscal” – está inserida a previsão e o valor desse dinheiro
para construção de mais um prédio tão suntuoso quanto desnecessário.
Além desse acinte dos
parlamentares e da omissão da imprensa, os chamados especialistas de economia,
os formadores de opinião e mui
tos âncoras de telejornais empunham a bandeira
natural da necessidade do “ajuste”, com uma tranquilidade de monges. Não dizem
uma vírgula sobre quem e porquê está tudo desajustado.
Por exemplo, a conta de energia
subiu até 50% para alguns. Todos dizem que é uma necessidade devido à redução
há dois anos no valor das contas. Não fazem o cálculo primário entre o valor da
redução com o da compensação agora. E se era para meter a faca depois, por que
fizeram tanta propaganda desse benefício à época? Não disseram que seria um
empréstimo a ser cobrado com juros e correção monetária.
Esse prédio cristalizou a
necessidade de economizar bilhões, sempre do bolso do cidadão. Nenhum dos
milhares de cargos comissionados e dos vários ministérios foi cortado.
Com relação ao bolso do cidadão,
o maior perigo não está nas ruas brasileiras, mas, sim, nas votações do
Congresso Nacional.
Nem que o país estivesse
esbanjando dinheiro essa construção poderia se concretizar pela sua futilidade.
Seria muito mais relevante se aplicado numa das muitas áreas sociais
importantes carecedoras de verbas para suas atividades.
Não entendi: o governador do Rio
de Janeiro apontou algum eventual desembargador como culpado pelo assassinato
de um cidadão num dos pontos turísticos da capital carioca. Nem se fosse caso
isolado; pior, ainda, quando se trata de uma rotina carioca e brasileira.
Pedro Cardoso da Costa –
Interlagos/SP para o JV
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